A História tem muito a recordar neste ano de 2014. É interessante observar que politicamente se entende que o século XX se inicia em 1914, há cem anos, com a deflagração da 1ª Grande Guerra e termina em 1989 com a Queda do Muro de Berlim, há vinte e cinco anos. Sem dúvida, foi um século muito intenso, até mesmo pelo advento da 2ª Guerra Mundial, mas, tomando-se os dois marcos políticos – 1914 e 1989, durou apenas setenta e cinco anos!
Assistimos, em várias partes da Europa, eventos relembrando o início da Grande Guerra, como então foi chamada: solenidades com discursos e coroas de flores; o mea culpa discreto de alguns; reportagens; livros publicados e republicados, muitos trazendo novas interpretações dos fatos, revistos após cem anos.
Há um aspecto decorrente da 1ª Guerra pouco mencionado, embora muito importante, que é relativo à transformação do papel da mulher na sociedade. Com o envio dos homens para os campos de batalha, tiveram elas um grande acesso ao mercado de trabalho para ocupar atividades antes exclusivas do sexo masculino. No campo, assumiram a agricultura e a criação dos animais; nas cidades, foram chamadas para os mais diversos setores, como o transporte público, a construção civil e até para as fábricas de armamentos. Devido ao número de mortos (em torno de nove milhões), de feridos e inválidos (cerca de vinte milhões), continuaram elas exercendo as funções que realizaram satisfatoriamente no período do conflito. Mudou a vida da mulher.
Essa profunda transformação atingiu até a moda, pois o seu vestuário teve que ser adaptado às tarefas que iam exercer, por exemplo, com a introdução das calças compridas femininas. Igualmente os movimentos políticos por elas encabeçados cresceram de importância, como o sufragista, conseguindo em muitos países, no período entre as guerras, o direito de votar e de serem votadas, inclusive no Brasil.
Só no campo salarial, mesmo reconhecido o seu trabalho, recebiam bem menos do que era pago aos homens por iguais tarefas. Aliás, este, lamentavelmente, é um grave problema que persiste, apesar de estarmos em pleno século XXI.