A Lituânia, como os demais países Bálticos, tem seus encantos. Quando estudei no Colégio, a sua capital se chamava Vilna, agora adotamos Vilnius, a diferença é pequena, mas a beleza é a mesma. Embora seja o maior dos três Bálticos, tem pequena extensão territorial, com pouco mais que 65 mil quilômetros quadrados e menos de 4 milhões de habitantes. O seu povo é muito católico, equiparando-se ao polonês, apesar de tantos anos sob o domínio soviético. As igrejas católicas que haviam sido utilizadas para outras finalidades, estão sendo restauradas com entusiasmo pelos lituanos. Em Vilnius, a Catedral, um belo prédio neoclássico, com muitos afrescos e esculturas, onde estão os túmulos de importantes figuras da História, inclusive o de São Cassimiro, o padroeiro, havia sido transformada no Museu do Ateísmo. Restaurada, retornou às funções religiosas.
Impressionou-me o Museu das Vítimas do Genocídio aberto em 1992, em Vilnius, no edifício onde havia funcionado a Gestapo, durante a invasão Nazi e a KGB no período soviético. Que má sorte desse prédio! As salas de execução dos prisioneiros, fotografias, muitos vídeos e áudios, são tão fortes quanto os que visitamos na Alemanha ou na Polônia. Tive a mesma reação que em Aushuwitz, quando cheguei na parte sobre as vítimas crianças, não consegui terminar a visitação.
Há um local de peregrinação católica, a cerca de 16 km da cidade lituana de Siaukiai que é um dos mais estranhos que já visitei – a Colina das Cruzes. Mais de 100 mil cruzes, crucifixos, imagens de todos os tamanhos e materiais, estão amontoadas numa pequena colina que os visitantes cruzam a pé. Alguns dizem que a crença vem da Idade Média, outros que se acentuou no século XX como homenagem de parentes àqueles que eram levados para a Sibéria de onde não retornariam. Retiradas pelos russos durante o dia, à noite eram recoladas, até que ficaram permanentes. Em geral, cada visitante deixa a sua cruz como um sinal de fé e solidariedade ao povo lituano.
Vale registrar ainda outro ponto para visitação – o Parque Nacional de Traikai, a 25 km de Vilnius, com o seu castelo numa das ilhas do lago Galve, residência favorita no passado dos grão-duques da Lituânia. Paisagem belíssima na primavera, com o verde das árvores duplicado nas águas do lago, mas imagino a dureza do inverno, totalmente congelado. Indo à loja de souvenir, me surpreendi com um trabalho manual igual aos que minha avó fazia. Apontando para a renda, disse em português a uma amiga que em Pernambuco era chamado de “frivolité”. A vendedora lituana sorrindo e gesticulando confirmava – frivolité! Que coincidência.
Simpático o povo lituano, que São Cassimiro os proteja de novos sofrimentos.