Dona do Carmo

Misteriosamente, 2020 resolveu fechar o ciclo de uma geração, embora longeva, mas com figuras excepcionais que brilhavam por sua solidariedade, força espiritual, sensibilidade, capacidade de ver, interpretar e compreender o que acontecia ao seu redor. O mundo mudou e elas acompanharam as mudanças sem se tornarem corpos estranhos ou ultrapassados.

Dentre tantas, aquela que ceifa vidas levou D. Maria do Carmo Monteiro ou D. do Carmo como era carinhosamente conhecida e que a representava por inteiro.

D. do Carmo teve a sabedoria de se amoldar ao seu tempo embora fosse maior do que o papel reservado às mulheres de então. Personalidade marcante, presente em todos os momentos em que poderia levar o seu abraço amigo e solidário, nas tristezas ou nos aplausos. Tenho certeza que teria feito uma carreira política própria sucedendo o seu pai – Agamenon Magalhães se aquela época permitisse tal destino às mulheres.

Teve o descortino de compatibilizar as circunstâncias. Juntou ao amor – que é um dos maiores bem da vida, a sua vocação, realizando-se através da carreira do seu marido, Dr. Armando Monteiro, a quem tanto se dedicou. Não foi uma renúncia, foi uma interação plena.

Deu dimensão especial ao seu espaço na família, como esposa, mãe, sogra, avó, bisavó e “se mais mundo houvera, lá chegara”. Acolhia a todos e tinha a palavra certa para cada um. De uma elegância distinta porque refletia o seu interior de equilíbrio, sobriedade e firmeza. Deixará muita saudade e a marca indelével de quem soube viver com grandeza ímpar. 


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