No dia 16 deste mês receberei na Câmara Municipal de Olinda – a Casa de Bernardo Vieira de Melo, o título honroso para mim de cidadã olindense. A proposta  do vereador Ubiratan de Castro Junior, filho de um velho amigo, será concretizada com a entrega pelo vereador Jesuíno Araujo, dois jovens que se dedicam à atividade política na Marin dos Caetés.

A cidadania honorária é algo muito especial. Amar a cidade onde nascemos é natural, ali temos raízes, vivemos a infância, estudamos, descobrimos o mundo, guardamos lembranças, afetos e depois de um certo tempo, muitas saudades. Mas, amar outra cidade é uma identificação, uma escolha, uma afinidade ou mesmo um mistério. É um cantinho que escolhemos para viver. Assim é que estou em Olinda desde maio de 1980, portanto metade da minha vida.

            A minha ligação com Olinda é muito antiga. Desde criança frequentava a casa dos parentes maternos – os Diniz Barreto, na Ladeira do Varadouro e no alto da Sé, o Convento da Conceição para visitar minha tia paterna, irmã Dorotéia, Madre Oliveira.

Como apaixonada pelo Direito, Olinda exercia o fascínio de ser o berço dos Cursos Jurídicos no Brasil. Como estudante, nunca deixei de ir à Missa no Mosteiro de São Bento no dia 11 de agosto, só não me conformava com a vedação do acesso das mulheres à Biblioteca, local do ato de instalação. Olinda a nossa Coimbra.

Sempre me senti acolhida nas suas igrejas barrocas, onde os anjos gordinhos e alegres ajudam a acender a nossa fé. As ladeiras, as casas de azulejo, o Mercado da Ribeira que nos anos sessenta atraia a juventude efervescente. Olinda dos muitos artistas que viveram e vivem por lá. Olinda, com o seu farol alvinegro girando para alumiar e anunciar aos que vêm, quem está cá.

Olinda Patrimônio cultural e natural da Humanidade foi um justíssimo reconhecimento a tudo o que ela representa, ontem e sempre – seus heróis, seu passado, seus ideais que são permanentes porque são gritos de liberdade. Olinda eterna!