Aniversário de Eliane Andrade Neves Baptista – 14/07/2007

Aniversário de Eliane Andrade Neves Baptista – 14/07/2007

Comemorado no Recife no dia 18/7/2007

Palavras de: Margarida Cantarelli

Familiares, amigas e amigos de Eliane Andrade Neves Baptista,

Patrícia e Arthur Henrique,

Minha querida aniversariante,

Senhoras e senhores,

Deu-me, Eliane, a agradável missão de saudá-los e agradecer-lhes, em seu nome, por este momento em que nos reunimos pela passagem do seu aniversário. De expressar, também, a sua alegria por rever tantos amigos queridos, muitos de há mais de meio século!

Aqui estamos dizendo “presente” – familiares, amigas e amigos de Eliane, que vieram de João Pessoa, Campina Grande e quiçá d’outras cidades da  querida Paraíba; familiares, amigas e amigos de Eliane, do Recife,  de Olinda e tantos lugares mais.

E que viemos fazer? Muitos se deslocaram mais de 130 km, outros também suspenderam os seus afazeres  – viemos, alegremente, reafirmar o nosso afeto e a nossa amizade por Eliane; viemos celebrar a sua vida; viemos agradecer por sua amizade.

Aqui estão as suas tias – Inês, Ana e Castinha – como tias e,  também, como “presença-lembrança” da inesquecível mulher forte e doce, firme e amável que foi Dona Abigail, sua mãe e que muitos aqui tivemos o prazer de conhecê-la, admirá-la e tê-la como amiga.

Aqui estão seu irmão Salustiano, suas irmãs Norma e Cezinha – três dos muitos irmãos que Eliane teve o privilégio de ter – 17 ao todo! Quem tem muitos irmãos tem muitos braços para abraços e muitas mãos para estender e receber apoio nos momentos de alegria e de tristeza. 

Aqui estão sobrinhos, da segunda; sobrinhos netos, da terceira e até da quarta geração, do caminhar dessa sua grande família, que é um elo da corrente da própria humanidade. Aos sobrinhos, aqui presentes e aos espalhados pelo mundo afora, o meu abraço carinhoso na pessoa de Bruno.

Aqui estão os seus filhos – Patrícia Helena e Artur Henrique – sua alegria e fonte mais profunda da sua felicidade. Os filhos são a nossa força e razão maior do nosso viver. Patrícia – Patty e Artur Henrique – Tuique, sabem muito bem do amor que sua mãe lhes dedica e retribuem com carinho e com a realização pessoal e profissional de ambos. Relembram juntos com a mãe os bons momentos da infância. São o seu justo orgulho, pois como dizem os versos do poeta recifense Mauro Mota:

“O amor de mãe não se acaba,

o amor de mãe principia

sempre. É o eterno amor sem data

amor sem noite e sem dia”.

Aqui estão os seus amigos, muitos, da Paraíba, sua terra natal. Eliane deu-me os nomes, mas me perdoem por não os nomear pois temo o grande pecado da omissão. Amigos da infância; do colégio dos Lourdinas e de N.S. das Neves; da sociedade paraibana e dos primeiros anos da Faculdade de Direito. Amigos da juventude que permanecem com o mesmo carinho e cheios de recordações – das ruas da cidade, das travessuras na Escola, das festas, dos bailes – de Debutantes, no Clube Astréia; dos desfiles de moda e de fantasias, dos namoricos, do tempo em que se sonhava que teríamos todo o tempo só para a felicidade.

Eliane foi jornalista, escrevia sob o pseudônimo de Suyen. Pensei muito se declinaria o título da coluna – “De Broto para Brotos”, pois a palavra “broto” (os jovens de hoje nem sabem o  que é) já simboliza um tempo meio distante e uma época – a dos anos dourados – que disfarçarei o quando –dizendo: o final da primeira década, da segunda metade do século XX.

E veio a Faculdade de Direito, como início de sua larga formação  universitária – o desvendar o mundo do Direito, a busca incansável pelo ideal de justiça! Aqui estão colegas de turma, hoje desembargadores, com suas esposas.

Mas, de repente, uma nuvem soturna mostrou que na vida não  controlamos certos desígnios, nem o imponderável. Sr. Salustiano e D. Abigail vieram para o Recife com parte da família, não para esquecerem a dor, mas para poderem continuar a viver! Como na poesia da portuguesa Sophia de Mello Breyner Andersen:

“Apesar das ruínas e da morte,

Onde sempre acabou cada ilusão,

A força dos meus sonhos é tão forte,

Que de tudo renasce a exaltação

E nunca as minhas mãos ficam vazias”

                   E, então, em 1965, Eliane chegou  ao Recife, já no final do seu curso de Direito. Aqui nos encontramos na Casa de Tobias Barreto, a nossa Faculdade, onde concluímos o bacharelado e nos tornamos amigas. 

                    Fui  madrinha do seu casamento, em 1970, com o nosso colega de turma, Affonso Neves Baptista, sempre seu grande amigo e pai extremoso. E sabendo como Eliane era, e continua sendo, organizada e eu não, procurei enquadrar-me mandando fazer um vestido bem da moda, cintura baixa, escarlate! Só não contava que, na véspera, quebraria o dedo da mão direita. Como naquele tempo toda fratura ia para o gesso, era um golpe fatal na minha fraca elegância. Pensava como poderia entrar na Igreja toda de vermelho com a mão e antebraço brancos! Tive que ser criativa (aliás, a vida me impõe isto com freqüência). Como então se usavam luvas e a etiqueta permitia uma mão descalça, disfarcei o gesso enrolando a minha direita com o cano longo de uma luva dourada que alguém me emprestou! E só pude assinar o livro porque sou canhota!

Com o casamento, Eliane ganhou uma nova e grande família, a Neves Baptista – Dr. Mário, grande jurista e nosso professor de Direito Romano e Civil e D.Lourdinha, casal  admirável, cuja imensa casa, na Praça dos Manguinhos, abrigava os dez filhos e estava sempre aberta aos parentes, amigos e estudantes de Direito.  

Eliane foi madrinha do meu casamento. Ao ato, compareceram apenas 5 (cinco) pessoas, incluindo o Padre, os noivos e as duas madrinhas – Mariinha, minha saudosa irmã e Eliane, o mínimo que as leis canônica e civil permitem – duas testemunhas. Chegamos primeiro, Eliane, o noivo e eu. Aguardávamos a minha irmã. O Padre, não sei a razão, precipitou-se com uma infeliz pergunta: cadê o noivo? Respondi: é esse aí. Dei uma boa risada e sai deixando os três muito atrapalhados (Eliane, o Padre e o noivo) sem saberem como continuar a conversa. Felizmente, para salvar a situação, minha irmã, muito pontual, logo apareceu para iniciar o casamento!

Sou madrinha de Patrícia, juntamente com Norma. E temos a alegria de ver a nossa afilhada trilhando os caminhos da profissão que escolheu, gerindo muito bem a Multi Assiste.

Aqui estão, também, Eliane, os seus amigos do Recife – os amigos da Faculdade de Direito, do Mestrado em Economia, da FGV, da Sudene, do PNUD, programa do Banco Mundial, da CAOA, do Senac e de  tantos lugares onde você estudou, trabalhou e de outros tantos onde a amizade nasceu com a convivência na sociedade, decorrente do seu carisma e da sua capacidade de se fazer querer bem.

Este encontro festivo e afetivo não está acontecendo por acaso, nem como um mero compromisso social. Mas é fruto do sangue e da amizade, no tempo e no espaço. É fruto do sangue familiar que corre igual nas veias de tantos que aqui estão, que foi herdado dos pais e que se transmite de geração em geração.  É fruto da amizade que permite colocar no coração dos outros, dos muitos que aqui vieram, o que você é, o que sente e do que é capaz de nos doar em afeto e carinho. 

Por tantas coisas boas que você representa, e que a tornou parte  – menor ou maior – da nossa vida, dos que aqui estão e dos que não puderam vir, este momento é seu, mas é também nosso. A sua emoção, a sua alegria, é a nossa emoção, é  a nossa alegria. Nós nos unimos para celebrar este aniversário, agradecendo a Deus por você e pedindo, cada um na sua crença e na sua forma de falar com Ele, por sua saúde, por seus filhos e, acima de tudo, para que continue assim: meiga, amiga, sincera, zelosa, competente, a Eliane de sempre.

Façamos deste momento um renovar da nossa juventude, como se estivéssemos dançando nas nuvens do tempo, com longos vestidos bordados de esperança, embalando os sonhos de amor e de felicidade ao som das românticas valsas vienenses, num etéreo e novo Baile de Debutantes. E busco esse tempo nos versos de Mauro Mota:

“Que tempo e espaço juntam-se no instante

do baile das meninas debutantes?

O tempo delas hoje e o decorrido

Que o tempo não termina, continua.

O que foi é, o que não foi será

Porque a noite não dorme, faz serão,

Fiandeira de auroras e cantigas,

De outroras e de agoras no salão.

O baile das antigas debutantes

(mais presentes talvez por terem ido)

E o das novas? Começa? Recomeça?

Pois o infinito é sempre recomeço.

…….

Que tempo e espaço juntam-se no instante

Do baile das meninas debutantes.”

Obrigada a todos pela presença e pela atenção.

                              Margarida Cantarelli


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