Bósnia e Herzegovina

Não vou falar sobre Copa do Mundo porque ninguém aguenta mais. Apenas lamentar que se perdeu uma excelente oportunidade para ensinar às nossas crianças, que tanto se dedicaram ao  álbum de figurinhas das Seleções competidoras (para sufoco dos avós), sobre os respectivos países, especialmente os menos conhecidos.

O pior estava numa propaganda veiculada, a título de humor, mostrando jovens brasileiros que se gabavam de conquistas femininas, de diferentes países. Só faltavam duas bonitas jovens e, dirigindo-se a elas, um deles perguntou: “quem é Bósnia, quem é Herzegovina?”. Santa ignorância!

A Bósnia e Herzegovina é um só país, multiétnico, localizado nos Balcãs, numa região, desde a antiguidade em permanentes conflitos e guerras, sempre disputada e incorporada a outros Estados. Neste ano de 2014, quando tanto se fala nos 100 anos do início da 1ª Guerra Mundial (1914), cujo estopim foi o assassinado do arquiduque Francisco Ferdinando (28/6/1914), herdeiro do trono do Império austro-húngaro, vale lembrar que o fato ocorreu em Sarajevo, capital da Bósnia e Herzegovina.

  Mas, foi a “Guerra da Bósnia” (1992/1996) que ainda chama atenção. No desmembramento da antiga Iugoslávia, após a independência da Eslovênia e da Croácia, a Bósnia buscou a sua, sendo sangrentamente invadida pelo Exército iugoslavo. Um verdadeiro genocídio, com gravíssimos crimes de guerra (a Holanda acaba de ser responsabilizada por atos dos seus militares que serviam à ONU), deixando um rastro de mais de 200 mil vítimas e de 2,2 milhões de refugiados. O cerco de Sarajevo foi o mais longo da História (4/4/92 a 29/2/96) em uma guerra moderna.

Estive na Bósnia em 2012. Era chocante passar por aldeias em ruinas, sem uma pessoa sequer. Atravessei o país até Sarajevo, ainda muito destruída. Fui à Ponte Latina onde ocorreu o atentado ao Arquiduque. Mas, procurei as marcas da guerra mais recente. Apenas entulhos, nenhum livro, no lugar da Biblioteca! As cicatrizes estavam em cada canto e em cada pessoa. Onde tinha havido um massacre, pintaram no chão uma rosa vermelha. De Rosa em rosa fui refazendo o caminho da dor!

   Os jovens da Seleção da Bósnia, que viveram os horrores da guerra, representam o grande esforço de superação e soerguimento do país e do povo. Merecem a nossa admiração e o nosso respeito. Rosas vivas, muitas rosas para eles!


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