DESPEDIDA DO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL – TRE
Recife, 3 de junho de 2009
Margarida Cantarelli
Em vez de longo discurso,
Permita-me senhor Presidente,
Que em trovas informais
Saúde aos que estão presentes.
Agora vou lhes relatar
A impressão que fiquei
Desta Casa da Justiça
Que com honra integrei.
Dos colegas, meus amigos,
Boas lembranças, eu guardei,
De todos com quem convivi
Só atenções registrei.
O Ministério Público
Está entre tais incluídos,
Socorro, Fernando e Sady
Também são muito queridos.
Os funcionários da Casa
São por demais competentes
Além de sempre dispostos
A nos servir prontamente.
Não vou mencionar os nomes
Com medo de omitir,
Mas um abraço por todos
Recebam Cleide, Cibele e Zauby.
Os advogados lutavam
Com teses p’ra nos convencer
Competentes e habilidosos,
Procuram sempre vencer!
A amizade de tantos,
Que de antes conhecia
Ia sempre aumentando
Na luta do dia-a-dia.
Dois anos passaram depressa
E há muito o que lembrar
Vou ver se consigo agora
Resumir para recordar.
Difícil foi cassar infiel
No prazo da Resolução
Suplentes querendo a vaga
Que perderam na eleição.
Zeverland o primeiro
Que era lá de Solidão
Mas a foto publicada
Era de outro cidadão!
Os que saíram voltaram
Nos braços dos eleitores
Pois foram vitimizados
Por causa dos delatores.
Trabalhou-se bem pesado,
Sem pensar em descansar,
Para que na Eleição
Não houvesse o que falar.
Mesmo com urnas travadas,
Jovaldo deu logo um jeito,
Trouxe lá da Paraíba
Para evitar mais defeito.
O dia 6 de setembro
Levou-nos à exaustão
Pois eram 300 processos
P’ra julgar numa sessão.
Incontáveis os recursos
Que continuavam a chegar
Alguém firme no plantão
Pronto para despachar.
As histórias eram as mesmas
Com pouca variação
Muros de quatro metros
Ourkut ou televisão
Carros de som bem alto,
Pesquisa sem autorização
Diziam que era “enquête”,
Em jornal sem circulação.
Pra poder ser candidato
Tinha que saber português
Lendo os testes apresentados
Pareciam em japonês.
Multa de um real
Por ausência em eleição
Não podia ter registro
Por falta de quitação.
Mas quem era “ficha suja”,
De homicídio a sedução,
Podia ser candidato,
Por inocência, a presunção.
Quem o TCU rejeitou
Contas da administração
Só com vícios sanáveis
Concorria à eleição.
Usar o retrato de Lula
Em outra Coligação,
O TSE garantiu
Mesmo sem ter permissão.
Houve os que compraram votos
Isso não há quem agüente
E até um candidato
Trocou por “cachorro-quente”.
Propaganda extemporânea
Com brindes a distribuir,
Calendários, ovos de Páscoa,
Para o eleitor atrair.
Trio Elétrico nas ruas
Carnaval bem animado
Camisas na cor do Partido
Tudo muito antecipado.
Nem os mortos escaparam
De tanta animação
Pois até no Cemitério
Fizeram divulgação.
Não se podia evitar,
Era o fato consumado,
Somente uma multa aplicar,
Se tudo ficou comprovado.
AIJEs e AIMEs propostas
Pelo lado perdedor
Esperando uma decisão
Pra se tornar vencedor.
E as prestações de contas,
Sem os recibos certinhos,
Comprou combustível na gráfica?
É mover a álcool os santinhos!
As Coligações tinham nomes
Eram todos engraçados
Pelo evidente mau gosto
Por mim, seriam multados.
“Brejo da Gente” e “Gente do Brejo”
Estas são de estarrecer
“De novo a voz do povo”
É difícil de escolher?
“Jaqueira rumo à mudança”
É muita imaginação,
Qual a mudança possível?
Vai dar coco, manga ou mamão?
“Água Preta para Todos”
Foi outra Coligação
Seria melhor batizá-la:
“Coca-Cola é a opção”!
Para poder concorrer
Com tamanha confusão
Até “Deus é fiel” foi chamado
Como única salvação.
Era preciso brincar
Para aliviar as tensões
Pois tudo no Eleitoral
Envolve muitas paixões.
Atravessei maus momentos
Com a saúde abalada
Sem conseguir nem andar,
Numa cadeira empurrada.
Agradeço o carinho
Que sempre me dedicaram
São coisas que não se esquecem,
São lembranças que ficaram.
De Direito Eleitoral
Não deixo qualquer lição
Somente o “bom humor”
É minha contribuição.
Adeus, adeus minha gente,
O meu mandato acabou
Despeço-me neste momento
Pois a hora já chegou.
Saio levando saudades
Desta Casa tão querida
E espero, não se esqueçam,
Desta amiga Margarida!