FLIPORTO – IAHGP

FLIPORTO – FEIRA LITERÁRIA DE OLINDA

DIA 16 DE NOVEMBRO DE 2012.

MESA SOBRE HISTÓRIA

ACADEMIA PERNAMBUCANA DE LETRAS

PALAVRAS DE: MARGARIDA CANTARELLI

Senhoras, senhores,

Pensei que melhor do que expor sobre algum vulto ou um tema da História de Pernambuco, seria trazer ao conhecimento de todos, fatos que muito têm honrado o Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico Pernambucano, coirmão da Academia Pernambucana de Letras.

Ao longo dos seus 150 anos, o IAHGP tem sido depositário de valiosos acervos, especialmente documentais – arquivísticos e bibliográficos, que guardam importantes registros sobre essa nossa História. Mas, é nosso entendimento que devemos abri-los ao conhecimento e à utilização dos estudiosos e pesquisadores, evidentemente com os devidos cuidados e segurança.

Como uma das estratégias de divulgação e na busca de reconhecimento do valor dos referidos acervos, nestes últimos três anos apresentamos alguns deles ao “Programa Memória do Mundo – MOW Brasil”, da UNESCO. Contamos para isso com a valiosíssima colaboração de nossa Diretora de Patrimônio, Gilda Verri, dos vice-presidentes  José Luís da Mota Meneses, George Felix Cabral, dentre outros.

E, recebemos nos três anos consecutivos – 2010, 2011 e 2012, a aprovação com o  reconhecimento de cada acervo apresentado como Memória do Mundo! E é como muito orgulho que aproveito esta oportunidade, na presença de tantos intelectuais pernambucanos e doutros Estados, para divulgá-los:

2010 – Conjunto documental de natureza arquivística – ATLAS VINGBOONS;

2011 –   Conjunto de 30 Códices contendo as ATAS DA CÂMARA DO RECIFE  de 1761  a  1892

2012 –  Conjunto documental de natureza bibliográfica – LIVRO DOS BENS LIVRES PERTENCENTES AOS JESUÍTAS DOS COLÉGIOS DE  OLINDA E DO RECIFE – PERNAMBUCO.

Começarei, com breve descrição, pelo segundo: 2011 – AS ATAS DA CÂMARA DO RECIFE de 1761 a 1892, portanto num período de cerca de 130 anos, produzidas por edis recifenses e registradas pelos escrivães da municipalidade, contém um precioso manancial de informações sobre a História do Recife, num conjunto de 30 Códices, doados ao IAHGP em 1929. São de singular raridade, pois muitos municípios antigos não conservaram seus registros. O período coberto por essa documentação abrange momentos importantes da História de Pernambuco e do Brasil, como as revoluções de 1817, 1824, 1848, a Independência e a Proclamação da República. Estão em bom estado de conservação e merecem ser publicados.

Neste ano de 2012, apresentamos o livro dos BENS LIVRES PERTENCENTES AOS JESUITAS DOS COLEGIOS DE OLINDA E DO RECIFE – PERNAMBUCO. É um manuscrito, com letras do século XVIII, com 282 folhas numeradas, escritas frente e verso, em papel artesanal frágil, costurado e encadernado, constituído por informações registradas até quando foram expulsos do império ultramarino português. A raridade do documento, ainda não reproduzido ou utilizado por pesquisadores, constitui primorosa fonte de informações para: o entendimento das atividades missionárias; a análise econômica e cultural; o traçado urbano revelado pela localização das moradas, especialmente de Olinda e do Recife; a atuação educacional; político-religiosa; administração dos negócios; serviços desenvolvidos e controle da mão de obra pelos Inacianos podem ser encontradas nas suas páginas. Na folha de rosto há o registro do confisco de tais bens por ordem de D. José I, em 23 de agosto de 1759. Este livro que pertence ao IAHGP esteve desaparecido por muitos anos, sendo  encontrado num livreiro em São Paulo em 2007 e adquirido mediante cota entre os sócios, retornando assim ao acervo do Instituto. Está precisando restauro e posterior publicação. O título de Memória do Mundo já publicado pelo Ministério da Cultura será entregue no dia 4 de  dezembro próximo em solenidade no Museu Naval, no Rio de Janeiro, na Ilha Fiscal.

Em 2010, foi apresentado, na presidência de George Cabral, o “Conjunto Documental de natureza Arquivística – ATLAS VINGBOONS”, que se constitui de um conjunto de 34 mapas manuscritos, do século XVII, referentes a Pernambuco e a outras capitanias. Os mapas são provavelmente decorrentes de levantamentos cartográficos feitos por Marcgraf e por outros a serviço da Companhia das Índias Ocidentais e que estiveram no (Recife) Brasil com Maurício de Nassau. Informam, de maneira segura, naquilo que se refere à representação cartográfica dos caminhos entre assentamentos urbanos e propriedades rurais do território ocupado pelos holandeses no Brasil e o litoral com todos os acidentes geográficos assinalados. Foram desenhados a pena e posteriormente aquarelados.  O historiador Jose Hygino Duarte Pereira, afirmou: “Este Atlas encerra tudo quanto os holandeses conheciam acerca da geografia do nosso país no século XVII; é um auxiliar bem mais valioso para o estudo topográfico do que os mapas do livro de Barleus”. 

O conjunto de mapas está dividido está dividido em 4 coleções. As três primeiras estão separadas por cartas e planos, atualmente integram o acervo patrimonial de diversas instituições, como: o Arquivo Nacional da Holanda (que detém a maior parte), o Museu Britânico, a Biblioteca Britânica, Nacional da França, Apostólica do Vaticano, Nacional do Brasil, da Áustria, nos Estados Unidos, em Dresdem, na Polônia, etc., etc.

        A 4ª Coleção é a pertencente ao IAHGP, já teve a sua autenticidade atestada na Holanda, está indexada e guardada em adequadas condições e de segurança.

Em junho de 2011, através da Embaixada do Brasil na Holanda, o IAHGP recebeu representantes do Arquivo Nacional da Holanda que traziam uma proposta de cooperação. Explicaram que já havia sido publicado o conjunto de mapas referentes à Companhia das Índias Orientais (trouxeram um exemplar) e, para concluir igual publicação com relação à WIC faltavam exatamente os mapas que estavam conosco. O Arquivo Nacional já havia conseguido as imagens dos mapas que estavam fora da Holanda com as instituições antes referidas.

O significado dessa cooperação era relevante para um resgate dos mapas do século XVII no mundo ocidental. Propusemos então uma permuta – nós cederíamos as imagens que dispúnhamos e eles nos cederiam as imagens relativas à costa do Brasil e da África oriental que nós não tínhamos, inclusive antecipadamente autorizando uma publicação nossa – em português e holandês. 

              Em outubro de 2011, quatro meses após a visita, recebi o convite para o lançamento do livro, no dia 3 de novembro, em Amsterdã, na Casa da Companhia das Índias Ocidentais, dentro do Seminário – The Atlantic Day. Compareci e para minha surpresa fui a primeira a receber um exemplar e a capa era o Recife!

Trouxe o livro para exibi-lo,  onde podemos ver os mapas do IAHGP ao lado dos de instituições de grande prestígio internacional. 

É preciso agora promover a publicação brasileira.


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