Histórias de Viagens: as Missas I

Quem gosta de viajar e é andarilho por natureza, como eu, tem muitas histórias para contar. É verdade que viajamos sempre com um programa (ou pelo menos anotados alguns lugares que desejamos visitar), especialmente quando vamos para um país mais distante ou exótico aos nossos olhos. Mas,  nem sempre é possível cumprir integralmente a programação feita, há os imprevistos que nos fazem alterar os roteiros, incluir alguns pontos, uma exposição que não tínhamos conhecimento, um Museu, um concerto. Deixamos às vezes de fazer algum programa porque o  clima não está permitindo, além dos encontros e desencontros como em tudo na vida. 

Aos domingos, onde quer que esteja, sempre procuro uma igreja para a Missa. Quando é um país católico, torna-se mais fácil mesmo que seja celebrada em outro idioma. O incrível é estar num país de língua portuguesa e não compreender o que o Padre está falando. Isto já me aconteceu no Brasil e em Portugal.

Fui a Curitiba participar de um Congresso da Associação Brasileira de Magistrados no tempo do apagão aéreo. Não consegui retornar no sábado para o Recife como estava marcada a minha passagem. Um caos no aeroporto com centenas de juízes querendo viajar. A maior concentração de autoridades revoltadas por metro quadrado que já vi na minha vida!  Resolvi tranquilamente voltar para o mesmo hotel, que ficava no centro, para tentar remarcar o bilhete para o domingo à tarde. Logo pela manhã, perguntei na recepção onde poderia encontrar uma Igreja. Era muito perto, duas ruas depois, dobrando à direita, horário compatível, tudo muito fácil.

Entrei na Igreja e me sentei discretamente no meio da nave. Quando começou a Missa não percebia nada dos cânticos nem o que o Padre falava. Pensei que não estava ouvindo bem, fui mais para frente. Nada! Já estava quase no primeiro banco. Em vão! Só então me dei conta de um altar com o  ícone de N. S. de Chestokolva decorado com muitas flores. Aí compreendi que a Missa numa igreja de Curitiba estava sendo celebrada em polonês!

Certa feita fui a Fátima, em Portugal e estava havendo uma Missa na Gruta das Aparições. Instalei-me entre as pessoas, mas observei que nada percebia do estava sendo falado pelo Padre. É bem verdade  que quando os portugueses falam rápido às vezes só ouvimos as consoantes, mas não era o caso. De repente ele muda para o inglês. E a Missa ficou entre o tal idioma e o inglês.  

Quando terminou, não me contive, dirigi-me a uma senhora e perguntei que língua era aquela e de onde eles vinham. Eram do sul da Índia, respondeu-me, de uma comunidade onde a presença portuguesa tinha deixado marcas  importantes na cultura local, sobretudo pelo catolicismo que eles continuavam professando e o idioma  era o Tâmil. 

Sabia das muitas marcas deixadas pelos portugueses pelo oriente, mas desconhecia completamente a existência desse idioma.

Feliz Natal, desejo a todos os leitores e que a Missa do Galo,  no Recife, seja celebrada  em português!


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