O Cabo da Boa Esperança

A Associação dos Amigos do Porto, neste ano, no seu “XXXI Voo da Amizade”, escolheu como destino a África do Sul. Alguém poderá ter achado estranho como iríamos homenagear Portugal e os portugueses num destino tão longinquo. 

Fomos até a Cidade do Cabo! Um encanto de lugar, em belezas naturais (lembra em alguns pontos o Rio de Janeiro na junção das montanhas e o mar); a convivência de estilos arquitetônicos, com casas bem vitorianas ao lado de outras muito coloridas (Bairro Malaio); as vinícolas (com fortes traços franceses); a famosa Montanha da Mesa com seu bondinho que leva os visitantes a uma visão extasiante. Tudo isto convive com um lado moderno de uma cidade que está pronta a receber os seus visitantes. 

Mas, o ponto alto da nossa homenagem foi a visita ao “Cabo da Boa Esperança”, ponto extremo sul do continente africano (embora hoje a Ponta da Agulha, nas proximidades, esteja disputando este privilégio geográfico). Como nos conta a História, Bartolomeu Dias, em 1488, contornou-o pela primeira vez denominando-o de “Cabo das Tormentas”, passando do Atlântico ao Indico e vislumbrando, assim, a possibilidade de alcançar, por aquela via, a Índia tão buscada. Lá deixou o marco indicativo do seu feito. 

Para a História e também para a literatura, foi a viagem de Vasco da Gama, em 1498, que ficou imortalizada nas páginas de “Os Lusíadas, com o episódio do Gigante Adamastor: “Eu sou aquele oculto e grande Cabo/ A quem chamais vós outros Tormentório/…/ Aqui toda africana costa acabo/ neste meu nunca visto promontório”. 

Voltei no tempo, retorno que só a imaginação permite, e vi aquele rochedo, rasgando o mar e açoitado pelas ondas, numa noite cheia de vento, assustando os corajosos portugueses que, no final do século XV, em embarcações precárias, alcançaram mares nunca dantes navegados. Deixei-me fotografar, como qualquer turista, mas levava nas mãos Os Lusíadas, e no coração o reconhecimento àquela gente ousada mais que quantas! Foi assim que prestamos nossa homenagem a Portugal! 


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