Pernambuco tem História?

Num editorial do Diário de Pernambuco em novembro de 1861, aparecia uma provocativa pergunta: “teremos nós uma História propriamente nossa, propriamente pernambucana?” A resposta veio três meses depois com a instalação da Sociedade Arqueológica Pernambucana, em 28 de janeiro de 1862, hoje Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico Pernambucano – IAHGP.

             Os seus fundadores se propunham a difundir a História de Pernambuco, a recolher e preservar acervos documentais e de objetos dispersos; a garantir a verdade sobre os fatos aqui ocorridos e avaliados vesgamente por historiadores de outras regiões; a celebrar as datas alusivas a feitos do passado; a colocar marcos em locais de interesse histórico, como o  junto à estátua de Frei Caneca, ao lado do Forte das Cinco Pontas. Criaram uma Revista, com 150 anos, veículo de transmissão das pesquisas e ideais, do seu pensamento histórico. 

Sobre os objetos, destacarei apenas alguns, pela impossibilidade de falar sobre todos, dentre os quais: a prensa que publicou o primeiro número do Diário de Pernambuco e a “Cápsula do Tempo” depositada, aos cuidados do Arqueológico, por esse Jornal em 1925 quando completou o seu primeiro centenário e que só deverá ser aberta em 2025, nos seus 200 anos de circulação. 

Temos também exposta uma bandeira de Pernambuco dos revolucionários de 1817 que só foi adotada pelo nosso Estado, tal qual hoje a reverenciamos,  quando das comemorações do seu primeiro centenário, já no século XX. Agora se aproxima o seu bicentenário, em 2017. Como iremos celebrá-lo? A importância desse fato histórico sempre foi minimizada em termos de História do Brasil. Comparando-se com a Inconfidência Mineira, todos os estudantes sabem quem foi Tiradentes, mas será que sabem quem foi o Padre Roma, o Vigário Tenório, o Padre Carapuceiro? Ou são apenas nomes de ruas! O IAHGP, porém, nunca se calou através das celebrações e das obras dos seus sócios. Urge uma revisão histórica. Não se trata de reivindicação, mas de reconhecimento porque não se pede a verdade, exige-se  respeito ao sangue daqueles que empenharam a vida em favor da construção de uma pátria liberta.

Quanto aos acervos documentais, temos grande orgulho por receber em três anos consecutivos o reconhecimento pela UNESCO de “Memória do Mundo”. Em 2010, foi o “Atlas Vingboons” que contem mapas holandeses manuscritos da costa do Brasil produzidos em meados do século XVII que nem o Arquivo Nacional da Holanda dispõe. Em 2011, o conjunto de 30 códices de Atas da Câmara do Recife, que cobrem o período de 1761 a 1897,  mais de 130 anos. E, em 2012, foi reconhecido o livro do Inventário dos bens deixados pelos Jesuítas quando expulsos do Brasil, manuscrito, datado de 1763.

            Mas os tempos mudaram com a tecnologia na comunicação como também na visão social na utilização dos bens culturais. É preciso readaptar um prédio que nos foi doado em 1918, pelo Governador Manoel Borba, visando os estudantes, professores, visitantes,  pesquisadores e  abnegados sócios que ao longo do tempo têm mantido viva a instituição.  

Estamos em obras para dar acessibilidade ao andar superior onde estão parte do museu e o setor da pesquisa. A construção de novo espaço para a biblioteca é fundamental onde dispomos além dos livros, jornais uma grande quantidade de documentos de forma eletrônica que poderão ser consultados, num rico acervo para pesquisa.

O IAHGP é grato aos seus atuais parceiros que compreenderam suas necessidades para potencializar o democrático acesso a tantas relíquias da nossa História. 

Pernambuco tem sim, uma rica História! 


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