Resolvemos, um pequeno grupo de amigos, fazer uma viagem dedicada exclusivamente a Portugal. Incluímos, no nosso programa, os lugares turísticos habituais de Lisboa e do Porto, quase todos pelo prazer de rever a Torre de Belém ou a Ribeira. Alguns no primeiro alumbramento lusitano. Mas, buscávamos, sobretudo, o Portugal profundo, fora dos roteiros mais comuns, para um grande encontro com as nossas raízes. Fomos visitar o belíssimo castelo de Estremóz (com a Pousada Rainha Santa), estivemos em Vila Viçosa, no Paço dos Bragança. Em Castelo Branco paramos no encantador Jardim do Paço Episcopal. Atravessamos a Serra da Estrela até chegarmos num lugar que nos tocou profundamente – Belmonte, terra onde nasceu Pedro Álvares Cabral. Lá vimos o Panteon dos Cabrais, onde estão os ancestrais do nosso descobridor (ele está sepultado em Santarém, na Igreja da Graça, que também visitamos no final das nossas andanças), o bairro judeu (a antiga judiaria, como chamam por lá) com uma Sinagoga de 1297, demonstrando a presença de uma importante comunidade judaica na Região. Mas foi o Museu dedicado ao Descobrimento do Novo Mundo que nos levou às lágrimas. Moderníssimo, interativo, competentemente mostrando a História dos Descobrimentos portugueses, voltado principalmente para o Brasil. A forma simpática, afetuosa como apresenta não só o Brasil que Cabral encontrou, mas leva o visitante também para a cultura brasileira atual, os instrumentos musicais, os ritmos (lá está o nosso Naná Vasconcelos!), produtos brasileiros, paisagens, enfim um Brasil carinhosamente apresentado. Belmonte é imperdível. Fomos a Viseu, uma visita à Sé é uma verdadeira lição de História da Arte, desde o românico com as modificações no decorrer dos séculos, ostenta ampla variedade de estilos perfeitamente harmonizados, com um coro de jacarandá brasileiro até um altar moderníssimo, uma pirâmide invertida de granito e aço escovado. Antes de chegarmos a Guimarães, berço da nacionalidade portuguesa e abençoada pela sua padroeira, N. S. d’Oliveira, por quem tenho grande devoção, também sou Oliveira de nascimento, paramos em Felgueiras. Lá está a Fábrica de Pão de Ló de Margaride, Casa fundada em 1730, fornecedora oficial da Casa Real de Bragança, por alvará do Rei D. Carlos. A fabricação mantém a forma tradicional e conserva a sua qualidade ímpar – deliciosíssimo. Com um bom chá ou vinho do Porto para os que preferirem!
Assim, encontramos o Portugal profundo que buscávamos e muito mais vimos e sentimos com deslumbramento e afeto.