É preciso celebrar datas importantes, sobretudo quando elas representam realizações de profundo significado social. Numa hora de tantos desalentos, é de se destacar, como um feito memorável, o transcurso dos 160 anos da instalação no Recife do Real Hospital Português – 16 de setembro de 1885! Plenamente integrado na sociedade pernambucana, contribuiu decisivamente para que o Recife tenha se tornado o segundo polo médico do Brasil.
Relembrando a sua história, o médico e acadêmico Rostand Paraíso, na sessão solene na noite de 16 de setembro, destacou que a chegada ao Brasil de uma epidemia do Cólera Morbus vinda da Europa e com elevada mortalidade, levou a diretoria do Gabinete Português de Leitura (criado em 1850) e presidido pelo médico José de Almeida Lima Bastos, a promover a instalação de um hospital no Recife.
O Diário de Pernambuco na edição de 1º de setembro de 1885 publicou um apelo à comunidade portuguesa para fazer donativos e esta correspondeu com grande generosidade. A sessão de instalação no Gabinete Português de Leitura estava repleta de autoridades, ilustres brasileiros e distintíssimos membros da Colônia Portuguesa de Pernambuco. O discurso do Dr. Lima Bastos (que veio a ser o primeiro diretor do Hospital) foi empolgante. Na mesma ocasião também falou um pernambucano ilustre, o General José Inácio de Abreu e Lima mencionando os princípios da solidariedade, da fraternidade e da caridade cristã, afirmando a sua crença num tempo no qual rompido os vínculos da nacionalidade “o homem seria cidadão do mundo”.
O Real Hospital Português de Beneficência em Pernambuco soube ao longo do tempo ampliar o atendimento nas mais diversas áreas da medicina, reunindo sempre os melhores profissionais, cuidando de acompanhar o desenvolvimento tecnológico adquirindo os aparelhos mais modernos existentes, o que lhe valeu o pioneirismo em várias áreas, além de um serviço assistencial primoroso no Ambulatório Maria Fernanda. A excelente gestão do Provedor Alberto Ferreira da Costa é um destaque e uma referência pela eficiência no hoje e ousada visão de futuro.
160 anos passados, vemos no Hospital Português concretizada a crença do General Abreu e Lima, meu antepassado, sintetizada no estribilho do seu hino: português com muito orgulho, brasileiro com muito amor!