CAXANGÁ ÁGAPE
Homenagem a MARCO MACIEL
UM DEVER DE JUSTIÇA
Saudação de Margarida Cantarelli
Em nome da Diretoria e dos Agapeanos
Recife, 8 de novembro de 2006
Recife, 8 de novembro de 2006.
Senhor Jayme Lielson, presidente do Caxangá Ágape,
Senador Marco Maciel, Anna Maria, Cristiana, Guimarães,
Amigos e companheiros agapeanos,
Amigos do Senador Marco Maciel,
Senhoras, Senhores,
Feliz, oportuna e justa a iniciativa do Caxangá Ágape ao destacar e celebrar, nesta reunião alegre e tão concorrida, os 40 anos da vida política do Senador Marco Maciel, eleito que foi em 15 de novembro de 1966, para o seu primeiro mandato, então à Assembléia Legislativa de Pernambuco.
Feliz é um povo que tem como um dos seus representantes um homem probo, da estirpe de Marco Maciel. Oportuno traçar, mesmo que brevemente, algumas linhas sobre a sua vida pessoal, a sua personalidade e a sua trajetória política, num momento em que muitos procuram o seu norte, perplexos ante as incongruências do presente. Justo, mais do que justo, mostrar, relembrar e enaltecer quem merece, por todos os méritos, o reconhecimento e o agradecimento dos seus concidadãos. Esta, acima de tudo, é uma missão que cumpro com muita satisfação.
Importante que essa primeira celebração tenha partido exatamente de um Clube como o Caxangá Ágape, associativo por natureza, independente e sem formalismos institucionais, nem qualquer finalidade político-partidária, e que, do alto dos seus mais de 60 anos de existência, tem a representatividade social para homenagear aqueles que souberam e sabem servir a Pernambuco.
Parabéns ao Presidente Jaime Lielson pela iniciativa, ratificada pelo ex-presidente Braga Sá e por todos os agapeanos que, seguindo o exemplo de Jack Aires, mantêm viva a chama da amizade, da solidariedade e do bem conviver.
DISPENSAR OS SEUS ENSINAMENTOS É CERTAMENTE PERDER A HISTÓRIA
Nesta hora, e só os mais antigos vão me entender, eu me sinto como o velho “Repórter Esso”, sou uma “testemunha ocular da história”, uma vez que tenho o privilégio de acompanhar de perto, ao longo destas quatro décadas, a vida de um político da nossa geração que, adotando as lições de Nabuco, de fazer da política uma missão, foi muito além e fez dela um verdadeiro sacerdócio, cuja dedicação exigiu de si uma inteira e completa doação. É o seu o sacerdócio do BEM, da verdade, da lealdade, da solidariedade, do diálogo, da honestidade, da coerência, do trabalho, da competência, da construção, do serviço, da simplicidade, da humildade, da discrição e da fé. Sim, Marco Maciel é um homem de fé. E o seu sacerdócio, por óbvio, não admite jamais a arrogância, a prepotência, os conluios nem a usurpação, estes são anti-valores jamais tolerados por quem dá um profundo sentido ético a sua vida pessoal e política. Por sua maneira de ser, atrai e conduz os seus seguidores, fazendo e conservando amigos (como está evidente neste encontro), sendo por todos respeitado, até por aqueles que, eventualmente, possam discordar de suas idéias. Cada palavra sua, cada gesto e até, como costumo dizer, cada silêncio tem um profundo sentido e uma lição a colher. É preciso percuti-los. Dispensar os seus ensinamentos é, certamente, perder a história.
UMA SÓLIDA ESTRUTURA FAMILIAR
Nascido no Recife, filho de Carmen Sylvia e José do Rego Maciel, família exemplar para a sua época. D. Carmen, era só carinho (com todos), generosa, tinha sempre uma palavra amável que deixava transbordar o seu imenso sentimento maternal; esposa dedicadíssima, modelo de mulher que fundia em si bondade e fortaleza. Dr. José Maciel, que tantos serviços prestou ao Recife, quando Prefeito, a Pernambuco e ao Brasil, transcendeu o humano, tornando-se um emblema, um símbolo da dignidade, da respeitabilidade e da competência discreta. Matriz que moldou o filho, nosso homenageado, pelo exemplo permanente, pela palavra conselheira e conciliadora, prudente e amiga. Seria tão bom se pudéssemos multiplicar esse molde pelo Brasil afora, tão carente que estamos de líderes com as suas virtudes.
Marco Maciel soube escolher a companheira que daria a si próprio uma base familiar sólida, tão necessária à estabilidade da vida pessoal e política. Anna Maria Ferreira Maciel, hoje tão pernambucana como qualquer um de nós, só lhe falta o papel passado, foi a composição perfeita para a sua harmoniosa vida familiar. Anna, socióloga por profissão, política por adesão, é presença constante sem ser abusiva, discreta sem submissões, acolhedora e militante acendrada. Ela sabe fazer a hora, não espera acontecer. Anna tem a força dos seringais da Amazônia e a doçura do açúcar pernambucano. Mãe e muitas vezes pai, quando a política tomava por demais o chefe da família. Gisela, Cristiana e João Maurício, todos já casados (Joel, Guimarães e Ana Carolina), oferecem agora a nova geração dos adoráveis netos: João Pedro, Luiza e Maria Isabel. Nada melhor do que os netos para dourarem as nossas vidas.
UMA CARREIRA POLÍTICA QUE ORGULHA PERNAMBUCO
Disse no início que estávamos comemorando os 40 anos da primeira eleição do Senador Marco Maciel, friso isto porque a sua vida política começou bem mais cedo, na política estudantil, nos bancos da nossa tradicional Faculdade de Direito do Recife, onde floresceram grandes talentos jurídicos, literários e políticos da nossa terra e do país, desde a sua fundação, em 1827. Foi eleito e reeleito Presidente do Diretório Central dos Estudantes – DCE, da Universidade Federal de Pernambuco (1960/62) e da União dos Estudantes de Pernambuco – UEP (62/63), representações estudantis que foram ceifadas pela exceção que varreu o país e que, por fortuna, saíram da clandestinidade quando o Ministro da Educação Marco Maciel propôs ao presidente Sarney o restabelecimento da União Nacional dos Estudantes – UNE, da UBES e suas representações estaduais.
Bacharel em Direito, advogou em conceituado escritório do mestre Ivan de Souza, lecionou Direito Internacional Público na Faculdade de Direito da Universidade Católica de Pernambuco, quando me tornei sua assistente e discípula, em março de 1967, embora já fosse antes sua correligionária da política estudantil.
Depois da sua passagem pela Casa de Joaquim Nabuco, como Deputado Estadual, seguiram-se dois mandatos de Deputado Federal; foi Presidente da Câmara, Governador de Pernambuco, Senador da República e, por dois mandatos, Vice-Presidente, exercendo interinamente a Presidência da República. Retorna ao Senado em 2000, sempre pelo voto dos pernambucanos. Marco Maciel ou, mais fraternalmente, como é o espírito desta reunião – Marco Antônio – como o chamam os seus familiares e turma da velha guarda, é merecedor desta e tantas outras homenagens que lhe sejam conferidas como reconhecimento por estas quatro décadas de completa doação à causa pública.
Seu compromisso de trabalho e de amor a Pernambuco e ao Brasil são indiscutíveis e evidentes. Mas, num mundo materializado como o nosso, onde o ter e o concreto têm prevalência sobre o ser e o ideal, e apenas para fixar a sua dimensão, ao gosto do momento, talvez seja bom relembrar algumas das obras que de forma direta ou mediata contribuiu para a sua execução, no exercício dos mandatos, cargos ou funções que exerceu. Disse – algumas obras – porque todas seria impossível, nem haveria tempo, mesmo que eu tivesse, para tanto engenho e arte. Se nós aqui bem as conhecemos, até porque fomos protagonistas de algumas, mas nunca é demais relembrar, apenas para avivar a memória que a poeira dos anos às vezes esmaece.
GOVERNANDO PERNAMBUCO – DESENVOLVIMENTO COM PARTICIPAÇÃO
Embora pudesse me referir as suas ações e obras da sua participação no Legislativo Estadual e Câmara Federal, começarei pelo governo de Pernambuco, quando, tendo como Vice Governador o hoje Deputado Roberto Magalhães, como Prefeito do Recife o ex-Governador Gustavo Krause, e ao final, concluindo o mandato, o ex-Governador José Ramos. Como se pode ver, um grupo homogêneo – na integridade, competência e compromisso com o nosso Estado. A administração Marco Maciel foi moderna, dinâmica e eficiente, e teve como forte característica a reestruturação do projeto de desenvolvimento do Estado. O lema adotado refletia a verdade: “Desenvolvimento com Participação” e até o seu retrato oficial mostrava ao fundo a bandeira de Pernambuco. De tudo disso posso falar por ciência própria, pois exerci o cargo de Secretária da Casa Civil.
Educação como prioridade
No âmbito social destacaria que a educação foi prioridade (secretários Joel de Holanda e Creuza Aragão), 411 Escolas construídas ou ampliadas (1.046 novas salas de aula), o que permitiu o aumento de 167 mil vagas. Naquela época, 69.792 bolsas escolares foram distribuídas; benefícios para 2.649 alunos portadores de necessidades especiais, além do Centro de Educação Especial de Casa Amarela; 150 laboratórios de apoio didático, com audiovisuais; evidentemente não havia os computadores pessoais. Promoveu a ampliação e interiorização do atendimento de 5a a 8a séries e 2 º grau, estadualizando dezenas de escolas municipais; amplo programa de valorização do magistério, instituindo, inclusive, a gratificação pelo exercício do magistério, a popular “pó de giz”.
Melhoria da qualidade de vida com saúde e habitação
Igualmente a saúde (secretário Djalma Oliveira), com a reforma de 37 hospitais e unidades mistas, a construção de 186 postos de saúde na zona rural e a fixação de pelo menos um médico em todas as sedes municipais.
Desenvolveu o mais arrojado programa habitacional (secretário José Jorge), quando 100.000 unidades habitacionais foram construídas. Lembro-me das incontáveis visitas do então Ministro Mário Andreazza, das solenidades no salão das Bandeiras do Palácio do Governo, sempre trazendo convênios para novos conjuntos residenciais. Alem disso, antigas Favelas foram urbanizadas e legalizada a posse de terra para 70.000 pessoas.
O serviço de abastecimento d’água para 70 cidades, distritos e vilas de todo Estado (tendo o secretário Arthur Lopes à frente dos trabalhos).
Preparando o futuro – uma visão estratégica
Dentro da idéia de reestruturação econômica, com medidas tomadas para um desenvolvimento sustentável de Pernambuco, deu início efetivo à implantação do Complexo Industrial Portuário de Suape – cujo projeto vinha sendo elaborado por administrações anteriores. Assistimos a primeira pedra lançada ao mar, para a construção do molhe e do porto, no dia 15 de março de 1980, à tarde, primeiro aniversário do governo. Pela manhã, participamos da missa congratulatória dos 80 anos do sociólogo Gilberto Freyre, na Igreja de São Pedro dos Clérigos. A equipe (secretário Luis Siqueira) dedicou-se inteiramente à execução das obras, construída a linha férrea ligando a Estação Central do Recife à estação rodoferroviária ao molhe sul, ao píer dos petroleiros, ao parque de tancagem, às Barragens de Bita e Utinga, com estação de tratamento d’água, além do sistema de telecomunicações. A inauguração da ferrovia foi uma grande festa popular, com um (trem) comboio de mais de dez (carros de passageiros) vagões saído da Estação Central levando o povo, o povo que, espontaneamente, atendeu ao convite do Governo para conhecer Suape, eram mais de 500 pessoas. A alegria do apito do trem só foi toldada pela notícia que chegara do falecimento do deputado Joaquim Coutinho. Antes de deixar o Governo, Marco Maciel assistiu à atracação do primeiro navio no Porto de Suape.
Por tais ações, isto que vemos hoje, Suape como uma alavanca de desenvolvimento do Estado, teve o trabalho de infra-estrutura realizado, sem o qual nada estaria acontecendo. A visão do futuro, a coragem de enfrentar as críticas dos menos favoráveis, permitiram que Pernambuco hoje se coloque com atrativos aos investimentos mais diversos, o que significa receita, empregos, desenvolvimento para nossa região.
Muitas iniciativas precursoras do seu Governo hoje estão integradas ao dia-a-dia não só dos pernambucanos, mas dos brasileiros. Entre elas destaco o modelar sistema de transporte público integrado de passageiros da região metropolitana do Recife e posterior proposta ao Governo Federal, em 1981, de criação do programa batizado de “vale transporte”; o Sistema Estadual de Proteção ao Consumidor – o Procon, um serviço pioneiro no Brasil, antes mesmo do Código de Defesa do Consumidor; a viabilização financeira e início das obras de construção do metrô de superfície do Recife; a elaboração do primeiro mapa geológico detalhado do Estado, a realização do levantamento geoquímico para identificação de jazidas de cromo, níquel, cobalto, chumbo, zinco, cobre e ouro (secretário Eduardo Vasconcelos).
O entendimento de que uma boa malha rodoviária é imprescindível ao desenvolvimento levou à pavimentação de 2.316 quilômetros, ficando 1.178 em fase de construção, além da construção de estradas vicinais tão importantes ao escoamento da produção (Secretário Antão Luís de Melo).
Crença no potencial agrícola do Estado
Na agricultura (Secretários Aloísio Sotero e Emílio Carrazai), houve um impulso ímpar no rumo de uma visão estruturadora. Investiu-se na diversificação das culturas na Zona da Mata, com a seringueira e o coco híbrido vindo da África; no Agreste e no Sertão, com o sorgo granífero e forrageiro ou seja, tanto para a alimentação humana como animal; a recuperação da caprinocultura com a importação de matrizes do Reino Unido (anglo-nubiano); no Vale do São Francisco o incentivo ao alho, além do maior crescimento do perímetro irrigado em Petrolina e Santa Maria da Boa Vista, que permitiram a implantação dos projetos de fruticultura, especialmente manga e uvas, dando esta última a possibilidade da indústria vinícola de hoje, em grande expansão. Reintroduziu o plantio do café. No litoral, deu início à criação de camarão de cativeiro, oriundos da Malásia e do Havaí e com a implantação pelo IPA (em Porto de Galinhas) do 1º Laboratório de produção de larvas, sendo hoje Pernambuco um dos maiores produtores do Nordeste.
Projeto Asa Branca – água e esperança para o Sertanejo
Idealizou e executou o Projeto Asa Branca (Mário Antonino), perenizando 400 quilômetros de rios do Sertão e Agreste, graças à construção de 50 barragens regularizadoras e sucessivas; e o Projeto Viver (Romário Dias), visando a melhorar a situação de vida da população da região canavieira com projetos de infra-estrutura, sistemas simplificados de abastecimento d’água, programas de suplementação alimentar, entre outras medidas de alcance imediato.
Valorizando as tradições culturais
Os projetos destinados a incrementar a cultura em Pernambuco receberam especial atenção (secretário Francisco Bandeira de Mello, secretário adjunto Moises Agamenon Andrade) que, tomando como moto “fazer com que os outros façam”, impulsionaram inúmeras atividades a partir da ampliação – no tempo e no território – do Calendário Cultural de Pernambuco, com ênfase, além do carnaval, à Semana Santa (Paixão de Cristo – Nova Jerusalém), ao Ciclo Junino, ao Verão, à Missa do Vaqueiro, até a pouco conhecida manifestação popular como a Ouriçada de Santa Luzia. Cuidou-se da reedição das obras referenciais da História de Pernambuco, todas consideradas raras e esgotadas (Os Anais Pernambucanos, de Pereira da Costa, além da obras referentes ao período holandês – Pinturas de Eckaut, o Herbário Macgraffe, o Barleus). Houve a valorização dos artistas pernambucanos com o Salão dos Novos, o Salão de Artes Plásticas e do artesanato do Estado, pela demonstração da sua beleza e qualidade como elementos ornamentais. No apoio ao turismo, por exemplo, promoveu a finalização de 70% das obras do Centro de Convenções, a ampliação da pista de pouso e a triplicação da estação de passageiros (de 8 para 24 mil metros quadrados) do aeroporto dos Guararapes. Nesta época, Olinda foi reconhecida pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade e até houve o pagamento de uma dívida histórica, o prêmio devido a Oscar Brandão, autor da letra do Hino de Pernambuco que, por divergências políticas com o governo da época, nunca o recebera. As contas foram atualizadas e o neto de Oscar Brandão recebeu o que era devido ao avô.
Associando aos projetos da área da agricultura, do turismo, dos esportes e outros setores da administração, o Banco do Estado de Pernambuco – Bandepe caminhou para a interiorização de suas ações levando o crédito rural, financiando hotéis e pousadas, bem como, a remodelação dos estádios de futebol – Santa Cruz, Náutico, Sport e Central de Caruaru.
Apostando na tecnologia
Criou o primeiro Grupo de trabalho para estabelecimento em Pernambuco de um Pólo de Informática para fabricação de software e outros produtos (Secretário Paulo Agostinho Raposo) que caminhou para o Centro Latino-Americano de Desenvolvimento da Informática – CLAD. Hoje, Pernambuco tornou-se realmente um Pólo de informática, semente que germinou da antevisão do governador Marco Maciel.
Na década de oitenta, ainda eram grandes as dificuldades de comunicação, mas graças ao trabalho integrado do governo do Estado com a Telebrás, em abril de 1982, no terceiro ano do governo e nos 100 anos da telefonia em Pernambuco, Marco Maciel, em solenidade realizada na cidade de Pesqueira (que então comemorava os seus 102 anos) integrou todo o Estado de Pernambuco ao sistema nacional de telecomunicações (Giambastiani e Lauro Montarroyos). A partir daí não havia mais qualquer “cidade muda” em Pernambuco, todas tinham pelo menos um Posto de Serviço de onde se pudesse falar com outras localidades, até a distante Solidão ficou menos solitária.
AMPLIANDO OS ESPAÇOS DEMOCRÁTICOS
Desenvolveu também um trabalho importante no processo de redemocratização ou consolidação da democracia do país, ao permitir que movimentos reivindicatórios ou mesmo de protesto se expressassem livremente em frente ao Palácio do Governo, ouvindo dos seus líderes ou porta-vozes, por interlocutores ou pessoalmente, os pleitos apresentados, encaminhando-os aos setores competentes. Essa compreensão e tolerância eram inusitadas após tantos anos de exceção. Aproximou-se do Arcebispo de Olinda e Recife, Dom Hélder Câmara, com quem manteve interlocução importante para a paz social no Estado, tornando, ainda possível, a visita do Papa João Paulo II ao Estado.
Eleito Senador da República em 1983, fundou o Partido da Frente Liberal, presidindo a sua Comissão Provisória (1984); participou ativamente da constituição da Aliança Democrática, pacto político que permitiu a transição pacífica para a plena democracia, ao eleger a chapa Tancredo Neves-José Sarney e tornar possível a convocação da Assembléia Nacional Constituinte que nos deu a Constituição Federal de 1988 – a Constituição Cidadã.
AVANÇOS NA EDUCAÇÃO NACIONAL
Escolhido pelo presidente Tancredo Neves Ministro da Educação (1985/1986) promoveu grandes movimentos, como o inesquecível “Dia D da Educação”, ocasião em que a educação foi discutida em todos os níveis e em todo o país, dando origem ao programa “Educação para Todos”. Na sua gestão foi regulamentada a Emenda Calmon, instrumento que ampliou os recursos para o setor. Desenvolveu um programa para as Escolas Técnicas e para modernizar as Instituições Federais e de Ensino Superior.
Foi Ministro Chefe do Gabinete Civil da Presidência da República, de fevereiro de 1986 a abril de l987, quando retorna ao Senado.
AÇÃO PARLAMENTAR
Autor de projetos de leis que resultaram nas seguintes: Lei 8.974, de 1995 – Lei de Biossegurança; Lei 9.307, de 1996, Lei de Arbitragem, também conhecida como Lei Marco Maciel; Lei 8.172, 1991, que restabeleceu o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico; co-autor da Lei Diretrizes e Bases da Educação, Lei 9.394, de 1996, conhecida como Lei Darcy Ribeiro e da Lei de Participação dos Trabalhadores nos Lucros das Empresas, n. 10.101, de 2000.
Reeleito Senador para o mandato de 1991 a 1999, todavia, interrompe-o, em 1994, em razão da sua eleição para o cargo de Vice-Presidente da República, na chapa encabeçada por Fernando Henrique Cardoso. Em 1998 é reeleito, novamente no primeiro turno, para um segundo mandato na mesma chapa.
PRESENÇA NO PLANALTO
Nos oito anos de mandato de Vice-Presidente ocupou o cargo de Presidente da República 85 vezes, num total de 339 dias, e, como tal, sancionou 117 leis, editou 408 Medidas Provisórias, baixou 1.573 decretos, assinou 944 mensagens ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal e exarou 236 despachos.
ATUAÇÃO INTERNACIONAL
Internacionalmente representou o Brasil em diversas (dezenas) Reuniões de Cúpula, Conferências, Posses de Presidentes, Comissões, Colóquios, dos quais destacaria apenas uma, a Cúpula do Milênio, LV Sessão Regular da Assembléia Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova York, no ano 2000. Visitou, em caráter oficial, inúmeros países amigos, como o Japão, a Argentina, a Alemanha, o Paraguai, o Chile, Portugal, a Espanha, a Guatemala, El Salvador, a Costa Rica, a Nicarágua, a Holanda, a Itália, a Suécia, a Dinamarca, a Noruega, a Finlândia, dentre as quais destaco a visita à República Popular da China, em 1999, nos eventos relativos à transferência da soberania do Território de Macau.
CONDECORAÇÕES
Recebeu muitas condecorações de governos estrangeiros, ressalto entre tantas: a Legião de Honra, da França; a Ordem do Infante Dom Henrique, de Portugal; a Ordem Aguilla Azteca, do México; a Ordem da Rosa Branca, da Finlândia; a Ordem Vladimir o Sábio, da Ucrânia; o grande Cordão da Ordem do Mérito do Líbano; a Ordem do Mérito Melitense, de Malta; a Ordem Isabel a Católica da Espanha; a Ordem da Estrela, da Romênia, além de Ordens da Argentina, Venezuela, Uruguai, Equador, Itália, Paraguai, Dinamarca, etc.
Das condecorações nacionais seria impossível mencioná-las todas, apenas destacaria o Grande Colar do Congresso Nacional, a Ordem do Rio Branco, no grau de Grã-Cruz, como Grã-Cruz do Mérito Naval, Aeronáutico, das Forças Armadas, das Comunicações, do Mérito Científico, do Mérito da Defesa, do Mérito Educativo, etc. Além das muitas condecorações do Estado de Pernambuco, de outros Estados da Federação e de Instituições públicas e privadas.
DISCRETO MAS SEMPRE DECISIVO NAS QUESTÕES PARA PERNAMBUCO
Como Vice-Presidente da República atuou de forma decisiva para conquistas de benefícios importantes para Pernambuco. A sua discrição muitas vezes o impede de assumir explicitamente a paternidade de obras, facilitando a que outros o façam e os menos avisados não saibam a quem realmente Pernambuco e os pernambucanos devem agradecer.
Por isso, faço questão de ressaltar que sua participação foi decisiva na ampliação do Porto de Suape, investimentos de R$ 464 milhões para obras de derrocamento, abertura do canal interior, construção de terminais internos e infra-estrutura que transformam Suape em um dos Portos mais importantes do Brasil.
A ele também se deve a expansão do Metrô do Recife, com a ampliação da capacidade de transporte dos atuais 175 mil passageiros/dia para 400 mil, construção de onze novas estações, oito terminais de integração metrô/ônibus, quatro viadutos rodoviários, dezesseis pontes e viadutos ferroviários e dez travessias de pedestres, sendo repassados pelo Governo Federal R$ 667 milhões.
No Aeroporto dos Guararapes o Governo Federal investiu R$ 209,11 milhões destinados à ampliação da pista e à construção do novo terminal de passageiros. Em Petrolina, foram investidos R$ 8,2 milhões na ampliação da pista, aumento do pátio de operações, construção do terminal frigorífico, instalação de alfândega, com a transformação em aeroporto internacional.
Na BR-101 Sul, a duplicação do trecho Prazeres/Cabo, com extensão de 22,44 km e o acesso para Suape, com o custo das obras em R$ 109,7 milhões. Na BR-408 a pavimentação do trecho Curado/Bicopeba, complementando a ligação do Recife com Campina Grande, trecho de 17,6 km, investimento no valor de R$ 13,1 milhões.
Num momento de crise energética, é de se reconhecer a importância da construção do gasoduto Pilar-Cabo, executado pela Petrobrás, com investimentos de R$ 239,88 milhões, tornando possível a interconexão do Estado a toda rede de gasodutos do Nordeste e a ampliação da oferta de gás natural.
É importante, igualmente, que se ressalte o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI, que, mensalmente, pagava bolsas para que as famílias com criança na faixa de 7 a 14 anos retirassem seus filhos do trabalho penoso nos canaviais, casas de farinha, horticultura e lixões, garantindo-lhes o acesso à escola. Este Programa atingiu 157 municípios e beneficiou 126.318 crianças, cujo custo foi de R$ 86,9 milhões.
Não poderia esquecer o Centro Regional de Ciências Nucleares, o primeiro Centro de Desenvolvimento tecnológico na área da Ciência Nuclear localizado fora da Região Sudeste, capacitado para atuar em áreas ligadas ao emprego de radiações ionizantes e de técnicas nucleares na medicina. O Centro também irá contribuir em áreas como indústria, agricultura, hidrologia, meio ambiente e saúde ocupacional. O custo da obra foi de R$ 334,8 milhões, e agora não faltam pais para a obra pronta, mas é bom lembrar a luta travada pelo Vice-Presidente Marco Maciel para que se concretizasse o CRCN. Mesmo os que procuram obscurecer o seu papel, jamais conseguirão, porque ninguém consegue, por muito tempo, apagar a história.
ACADEMIAS
Sócio-efetivo do Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico de Pernambuco (2001); Membro da Academia Pernambucana de Letras, (1992), sucedendo a Monsenhor Severino Nogueira (cadeira 22); Membro da Academia de Ciências Morais e Políticas (1993), sucedendo ao historiador Nilo Pereira (cadeira 44), Membro da Academia Brasileira de Letras, (2004), sucedendo ao Jornalista Roberto Marinho (cadeira 39).
Exercendo o seu terceiro mandato no Senado Federal, é membro Titular da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, e de Serviços e Infra-estrutura, além de membro Suplente da Comissão de Educação e de Assuntos Econômicos.
Pode-se observar que, a sua vasta obra publicada, em livros, plaquetes e artigos, estende-se ao longo de toda a sua atividade pública, quer tratando de temas puramente políticos, que é a marca predominante de sua obra, como o “Idéias Liberais e Realidade Brasileira” ou o “Liberalismo e Justiça Social”, “O Poder Legislativo e os Partidos Políticos”, “Política e Ética”, ou aquelas que cuidam de temas relativos à sua atividade como executivo, como “Vocação e Compromisso”, ou ainda, sobre assuntos aos quais tem se dedicado como “O Programa Nuclear como Exigência do Desenvolvimento Nacional”, “A Ferrovia e o desenvolvimento nacional”; “Política de desenvolvimento para uma nação multiregional: uma política de irrigação”, ou aqueles que versam sobre educação, como: “A Universidade e o Aperfeiçoamento Democrático”, “ Educação para a realização democrática”. Mas, não esqueceu o Direito Internacional, com trabalhos publicados sobre “Organizações Internacionais”, “O mar de 200 milhas”, “A Importância do Mar e presença na Antártica”, “Um conceito de Direito Internacional”. Também enalteceu alguns vultos referenciais de Pernambuco: “Nilo Coelho: o homem e o político” e “Gilberto Freyre – telúrico e universal”, entre muitos outros textos merecedores de referência.
Este é o homem que homenageamos. Com seu estilo discreto, sem estardalhaços pirotécnicos, nunca cedeu ou arrefeceu quando os interesses de Pernambuco estavam ou estão em jogo. Como disse em 1982, quando fiz a apresentação do seu livro “Vocação e Compromisso”, contendo os seus pronunciamentos como Governador de Pernambuco – “é um registro de decisivos passos do jovem político pernambucano durante o triênio que governou a sua terra natal, e, oxalá venham eles a se constituir, no futuro, em algo semelhante àquelas pegadas deixadas na areia do tempo (“footprints on the sands of time”), marcas daqueles homens egrégios a que se referia Longfellow no seu imortal verso. Era uma profecia, hoje uma realidade! Por tudo isso, torna-se digno da reverência, do reconhecimento e da gratidão de todos nós, como o mais lídimo DEVER DE JUSTIÇA!