Fazia muito frio em Pilanesberg, uma reserva na África do Sul, quase na fronteira de Botsuana, utilizada para preservar os animais na savana, e também, pelos turistas para as aventuras dos safáris. 

Estava me aquecendo junto à lareira e recordando-me da véspera. Quem me conhece sabe que tenho medo até do poodle velhinho da minha casa, quanto mais de animais selvagens. Mas fui tomada pelo espírito de aventura que o lugar transmite, além da curiosidade de ver de perto algumas espécies no seu habitat. 

Tomamos um jipe alto, coberto, mas aberto nas laterais com um vento cortante. O nosso “ranger” (como é chamado o condutor) logo explicou que dependia de sorte ver num mesmo safári os “Big Five” (leão, leopardo, elefante, búfalo selvagem e rinoceronte), além das zebras, girafas e outros menos famosos. 

Mas, tivemos muita sorte. Logo apareceram as zebras que se deixaram fotografar, pois atravessaram lentamente a trilha na nossa frente. Eis que nos deparamos com leões devorando uma presa grande, algo mais assustador. Seguimos, e lá estavam as girafas, elegantíssimas; os elefantes se alimentado dos frutos da Amarula, chegando a derrubar os arbustos. Assistimos a um entrevero entre dois rinocerontes, o que nos fez aguardar a pacificação. De repente, o “ranger” de outro jipe, pelo rádio, deu o aviso: coisa rara, um leopardo à vista! 

Imediatamente demos a volta em velocidade e fomos para o local indicado. Ali pudemos fotografá-lo e apreciar (com binóculo) a beleza selvagem do animal descansando sobre uma enorme pedra. Quando saiu da nossa frente, começamos a tentar adivinhar qual o caminho que iria tomar. Idas e vindas, até que o “ranger” anunciou: vai aparecer em dois minutos! Como sabe? Pressinto! Mas, esperamos, esperamos e nada. Já era noite quando pedimos para voltar ao hotel. Na vida, já esperei por muitas coisas e muitas pessoas, mas nunca por um leopardo!