Como todos os anos, fui ao Círio de Nazaré. Só que desta vez tive a alegria de participar da Romaria Fluvial a bordo da Corveta da Marinha “Garnier Sampaio”, um navio que tem por missão efetuar a coleta e o processamento de dados hidroceanográficos e realizar a manutenção dos balizamentos fixos e flutuantes na área de Sinalização Náutica da Amazônia Oriental. Tarefa muito relevante no apoio às operações navais e para garantir a segurança da navegação numa área cujos rios são as únicas vias para todas as formas de transportes. Mas, desde 1999 uma vez ao ano, o “Garnier Sampaio” assume outra função a de conduzir pelas águas da Baía do Guajará, a imagem de N. S. de Nazaré de Icoaraci até Belém. É uma emoção acompanhar a Romaria Fluvial entre mais de 450 outras embarcações, de todos os tamanhos, bem ornamentadas, lotadas de romeiros movidos pela devoção num belíssimo espetáculo de fé.
O 4º Distrito Naval comandado pelo Almirante Alípio coordena toda a Romaria numa demonstração de eficiência e de identificação com o mais puro sentimento do povo amazônico. Aliás, é preciso visitar a Amazônia para reconhecer o papel das Forças Armadas na Região. Uma das mais belas viagens que fiz na vida foi ao Alto Rio Negro. Ali pude constatar que além da Marinha cuja atuação é bem visível, o Exército que guarda as nossas fronteiras com os seus Batalhões da Selva tem peculiaridades remarcáveis: lida com dezenas de etnias e cada uma falando o seu idioma. O atendimento às comunidades indígenas, relativo à educação e à saúde, representa a única presença efetiva do Estado na Região. Vi no Hospital Militar de São Gabriel da Cachoeira que os setores de maior número de atendimentos eram a maternidade e a pediatria! A Aeronáutica tem um imenso espaço aéreo para monitorar pelo SIVAN tanto para a segurança dos voos como na difícil missão de evitar o ingresso de armas e drogas através de aeronaves clandestinas no nosso país.
Ouvi muitas histórias e vi coisas bem interessantes. Esse Brasil amazônico, nós da beira-mar não conhecemos. É lindo!